21 de dezembro de 2008

Face do amanhã

"Face do amanhã

Aqui estou a quebrar a promessa.
Não versejar é o mesmo que perder os braços.
É não ter o direito ao livre discurso,
e assim desfazer os laços.

São tempos de festa, comparsas reunidos.
Um misto de alegria e melancolia paira no ar.
Entre risos e galhofas, ouve-se um silêncio.
Ao fundo encontra-se um triste derrotado.

Não mais um versejo sobre flores ou amores.
A partir daqui, versejo sobre nada ou sobre tudo.
A todo o momento apreciar a vida, um dia por vez.
Esse é o segredo.

Nos caminhos percorridos,
das pessoas conhecidas,
aquelas que podem ser nomeadas inesquecíveis,
são as que mais desejaria esquecer momentaneamente.

Me pego novamente imaginando a face do amanhã,
a procura de respostas à perguntas sem fim.

As mudanças de vento, a nós não cabe decidir,
Porém o curso da vela está em nossas mãos.
E seguiremos em frente, pelas curvas do destino,
fugindo sempre da correnteza da certeza.

Porque viver é ser eternamente movido pela emoção,
E motivado pela incerteza, de lutar pelo amanhã."

Fernando Aquinea

3 Comentarios:

Cris Animal disse...

Oi Fernando !
Errei ou acertei?
Uma amargura, uma solidão nessa poesia...alguma coisa meio contida, meio que solta em algum grito perdido em você!
Vc merece todas as chances do mundo...se dê esse direito.
Feliz natal...luz. Toda ela.
beijo enorme pra vc
...........Cris Animal

Luciene de Morais disse...

Muito verdadeiras as suas palavras, Fernando.
Alegria e melancolia, derrota e vitória, tudo é vida.
Prevejo que ainda versejará sobre flores e amores... sem o amor, há poesia?
Beijoo

:.tossan® disse...

Versejar com arte, como as máscaras, como os textos... são aptidões para poucos e eu sou admirador destas aptidões. Abraços

No céu também há uma hora melancólica.
Hora difícil, em que a dúvida penetra as almas.
Porque fiz o mundo? Deus se pergunta
e se responde: Não sei.
(Carlos Drummond de Andrade)